Você atua na gestão municipal de destinos turísticos e não sabe quais medidas implementar para lidar com situações como desastres naturais ou crises de saúde pública? Ou, talvez, não tenha clareza sobre o papel do órgão municipal de turismo nessas situações? Este artigo traz dicas práticas para serem adotadas pelo órgão municipal responsável pelo turismo.
A gestão do turismo municipal exige um equilíbrio delicado entre a promoção do destino, o desenvolvimento econômico, a conservação ambiental, a manutenção da qualidade de vida das comunidades locais e a garantia de uma experiência de alta qualidade para os visitantes. Por isso, é crucial adotar uma abordagem holística que envolva planejamento estratégico, infraestrutura resiliente, educação, parcerias, monitoramento e comunicação eficaz.
Ao implementar essas medidas práticas, os gestores públicos podem minimizar riscos e promover um turismo seguro, sustentável e benéfico para todos. Assim, a prevenção permite antecipar problemas antes que eles ocorram, evitando danos significativos ao meio ambiente, à comunidade local e à experiência dos visitantes.
Vamos lá:
Dica 1. Planejamento Estratégico Integrado
a. Realize estudos de capacidade de carga de visitação
Estudos de capacidade de carga turística minimizam riscos ao fornecer uma base científica e prática para a gestão sustentável de destinos turísticos. Portanto eles ajudam a identificar o número máximo de visitantes que um local pode suportar sem causar danos significativos aos recursos naturais, culturais e à infraestrutura. Com essa informação, os gestores podem implementar medidas de controle, como limitar o número de visitantes, ajustar os horários de visitação e melhorar a infraestrutura, prevenindo a degradação ambiental e cultural. Além disso, esses estudos permitem a antecipação e mitigação de impactos negativos, como a superlotação, que pode afetar a experiência do visitante e a qualidade de vida da comunidade local. Sendo assim, ao manter um equilíbrio entre a capacidade do destino e a demanda turística, os estudos de capacidade de carga contribuem para um turismo mais seguro, sustentável e benéfico para todas as partes envolvidas
b. Desenvolvimento de Planos de Gestão de Riscos
Elabore planos de gestão de riscos que incluam a identificação, avaliação e mitigação de potenciais ameaças, como desastres naturais, crises de saúde pública e impactos ambientais. Nesse sentido, você pode incorporar essa prática no processo de elaboração do inventário da oferta turística e/ou na elaboração de planos municipais de turismo. Também, pode colaborar com a Defesa Civil e órgão municipal de meio ambiente em seus levantamentos de riscos, incorporando áreas turísticas e disponibilizando informações sobre elas.
c. Participação Comunitária
Sempre envolva a população local no planejamento e na tomada de decisões para garantir que as preocupações e sugestões dos residentes sejam consideradas. Para isso, você pode realizar pesquisas online de percepção, convidar a população para reuniões do conselho municipal de turismo e reuniões durante a elaboração de planos municipais de turismo. Também, pode realizar palestras em escolas, associações de bairro, comunidades tradicionais e outras entidades locais para colaborar e ouvir a população.
Dica 2. Infraestrutura Resiliente
a. Investimento em Infraestrutura Sustentável
Invista na construção e na manutenção de infraestruturas turísticas que sejam resilientes e ambientalmente sustentáveis. Para isso, utilize materiais e técnicas de construção que minimizem os impactos ambientais e estejam integradas ao meio ambiente, especialmente em áreas frágeis como entorno de unidades de conservação, orlas, margens de rios, florestas, manguezais, áreas úmidas etc. Priorize a permeabilidade! Afinal. ela ajuda na redução de enchentes, na recarga de aquíferos, filtragem natural e redução da poluição, mitigação de ilhas de calor, facilitam o crescimento da vegetação, melhoram a qualidade da paisagem e, consequentemente, o bem-estar das pessoas.
b. Acessibilidade e Segurança
Garanta que as infraestruturas turísticas sejam acessíveis e seguras para todos os visitantes, incluindo pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Por exemplo, instale sinalizações claras e sistemas de alerta em caso de emergência.
Dica 3. Educação e Capacitação
a. Programas de Educação para a Comunidade
Implemente programas educativos que informem a comunidade sobre práticas sustentáveis e a importância da preservação ambiental. Promova a conscientização sobre os riscos e as medidas de segurança em áreas de especial interesse turístico.
b. Capacitação de Profissionais do Turismo
Ofereça treinamentos regulares para os profissionais do setor turístico sobre gestão de crises, atendimento ao turista em situações de emergência e práticas de turismo sustentável.
Dica 4. Parcerias e Colaborações
a. Colaboração com Agências Governamentais
Estabeleça parcerias com outras agências governamentais, como defesa civil, saúde pública e meio ambiente, para garantir uma resposta coordenada em situações de crise.
b. Parcerias com o Setor Privado
Trabalhe em conjunto com o setor privado, incluindo hotéis, restaurantes e operadoras de turismo, para desenvolver e implementar práticas de gestão de riscos.
Dica 5. Monitoramento e Avaliação
a. Sistema de Monitoramento Contínuo
Implemente um sistema de monitoramento contínuo para identificar e avaliar riscos emergentes. Utilize tecnologias, como sensores e drones, para coletar dados em tempo real. Além disso, a população local e empresários do setor turístico são aliados na identificação de riscos. Crie um sistema de comunicação que permita essa troca de informações.
b. Avaliação de Impacto
Realize avaliações periódicas de impacto das atividades turísticas no meio ambiente e na comunidade local, ajustando políticas e práticas com base nos resultados dessas avaliações. Isso pode envolver pesquisas com turistas, com a população local, com empresários e trabalhadores, pesquisas técnicas especializadas em campo, monitoramento da capacidade de carga de atrativos, entre outros.
Dica 6. Comunique de modo eficaz
a. Plano de Comunicação de Crise
Desenvolva um plano de comunicação de crise para fornecer informações precisas e rápidas aos turistas e à comunidade local em situações de emergência. Identifique os principais canais seguros e contatos que o órgão deve contatar para coletar informações a serem repassadas aos turistas, empresários, trabalhadores do setor e comunidades envolvidas diretamente na prática turística local. Esse deve ser o público prioritário que o órgão de turismo deve atender.
b. Transparência e Informação
Mantenha transparência nas comunicações sobre riscos e medidas de mitigação. Mantenha sempre atualizadas informações sobre segurança e canais de comunicação em caso de emergências em websites, redes sociais, e cartazes de fácil visualização em empresas de turismo, atrativos e centros de atendimento aos visitantes. Se o destino recebe turistas de outros países, disponibilize em outros idiomas, minimamente em inglês e espanhol.
Por fim, revise e atualize planos regularmente para acompanhar a evolução da dinâmica turística local, participe de redes e fóruns nacionais e internacionais para troca de conhecimentos e melhores práticas e sempre promova uma cultura de turismo responsável entre visitantes e operadores, incentivando práticas que respeitem o meio ambiente e a comunidade local.