Como as empresas podem participar da construção coletiva das soluções climáticas
Os holofotes do mundo estão todos voltados para Belém. Não apenas para os líderes globais e ativistas climáticos que participam da COP 30, mas para as empresas – cada vez mais envolvidas nos compromissos e debates sobre mudanças climáticas. Elas desempenharão um papel essencial na construção de soluções e na demonstração de boas práticas da agenda de implementação, que representa a virada de chave dessa edição da Conferência. Quem está habituado ao universo corporativo, porém, sabe que estar presente em um evento desse porte vai muito além de ativar marca ou emitir declarações públicas de apoio às agendas estratégicas.

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Esta COP será histórica por acontecer em uma cidade que é parte do coração da Amazônia, um dos biomas mais importantes do mundo. Isso já estabelece o tom do evento: além de debater metas globais de emissões e ações climáticas, a proteção e regeneração das florestas tropicais estarão no centro das discussões.
Para as empresas que querem ajudar a construir a solução climática, isso significa que o compromisso com a sustentabilidade precisará ir além de promessas genéricas. É necessário se conectar ativamente com a proteção dos biomas brasileiros e as comunidades locais. Estar nesse evento internacional não será apenas sobre se posicionar globalmente, mas sobre mostrar respeito e alinhamento com as demandas locais e regionais.
O embaixador brasileiro André Corrêa do Lago, presidente da COP 30, trouxe à tona o conceito de “mutirão” como o espírito que marcará o evento em Belém. Segundo ele, essa será uma COP voltada para a implementação efetiva de esforços climáticos, mudando o foco tradicional das negociações para uma abordagem mais prática e colaborativa.

Foto: Reprodução/YouTube/Gov.BR
O uso do termo “mutirão” reforça a ideia de um esforço coletivo e integrado entre governos, empresas, sociedade civil e comunidades locais para transformar compromissos em ações concretas. Diferentemente de outras edições, mais centradas em debates e resoluções, essa virada de chave busca consolidar políticas ambientais, viabilizar financiamentos climáticos e escalar boas práticas, especialmente em áreas críticas como Amazônia, preservação da biodiversidade e justiça climática.
Para descontrair, para quem ainda não tentou explicar para um gringo o que é um multirão, ou nunca ensinou como se pronuncia, essa pode ser uma oportunidade divertida. Minha experiência fez com que eu gastasse meu inglês e minha articulação labial e fonética para conseguir que eles cheguem próximo do que é a pronúncia e da compreensão desse movimento tão brasileiro, comunitário e solidário que só um bom coletivo com uma causa em comum consegue engajar e implementar!
Boas práticas para empresas na COP 30
Empresas que possuem iniciativas reais de impacto social e preservação ambiental devem comunicar de forma clara e transparente sua participação na COP para garantir que seu engajamento não seja associado a práticas de greenwashing. É essencial mostrar como suas ações e projetos se conectam de maneira genuína aos temas da conferência, como mitigação das mudanças climáticas, transição justa e bioeconomia, evidenciando resultados concretos e compromissos de longo prazo. Essa comunicação deve destacar como a organização contribui para a construção de soluções climáticas a partir da sociedade civil, fortalecendo redes locais e globais que unem sustentabilidade, inovação e justiça socioambiental. Além disso, compartilhar com quem está se conectando durante a conferência, sejam parceiros, comunidades, movimentos ou outras empresas, e as trocas de experiências e conhecimento que emergem desses encontros reforça a autenticidade do engajamento e amplia o impacto coletivo rumo a um futuro mais sustentável.
Diga não ao Allwashing, uma das maiores armadilhas para as empresas em eventos como a COP é a prática de greenwashing. Isso acontece quando são feitas promessas exageradas ou divulgados compromissos ambientais sem base real. A participação na COP 30 exigirá transparência máxima: ao divulgar ações sustentáveis, aponte números concretos e metas mensuráveis. – Conheça o Guia Anti-Allwashing, lançado pelo coletivo de marketing B e que propõe parâmetros atualizados e inovadores sobre como a comunicação e o marketing podem ser ferramentas de alto impacto e geração de valor integradas aos negócios
Respeite a cultura e o contexto local; Belém é uma cidade profundamente conectada à cultura amazônica, cheia de identidade e que se preparou por 2 anos para a recepção dessa conferência. Conectado a isso, cuide para ter participação, representatividade e protagonismo para atores locais evidenciando suas vozes, experiências e iniciativas, promovendo a colaboração e a trocas entre iniciativas.
O que esperar dos debates e desafios na COP 30
Participar da COP 30 também significa acompanhar de perto os temas mais quentes do evento. E alguns deles, sem dúvida, terão reflexos diretos nas práticas das empresas:
- Bioeconomia no centro das atenções:
A bioeconomia será um dos grandes tópicos na COP 30, com debates sobre como transformar a biodiversidade em um ativo econômico sustentável e regenerativo.Para muitas empresas, isso abre portas para novas oportunidades de negócios, desde insumos amazônicos (como óleos e plantas) até cadeias produtivas regenerativas. - Transição justa e inclusão social:
Como equilibrar o combate às mudanças climáticas com desenvolvimento econômico para nações em desenvolvimento será outra grande pauta. Empresas que colaboram na inclusão de comunidades locais e na redução de desigualdades terão maior relevância nesses debates. - Financiamento climático:
O financiamento necessário para apoiar países e regiões vulneráveis será um tema central. Empresas podem se posicionar como parceiras no combate à crise climática, seja financiando projetos sustentáveis ou promovendo inovações verdes. - Turismo sustentável e regenerativo:
A conexão com o turismo sustentável será uma pauta importante, especialmente com o destaque da Amazônia. As empresas envolvidas no setor ou que atuam na região podem mostrar como incentivam práticas que valorizam o território dinamizando economicamente as comunidades

Foto: Beatriz Araujo/Terra
Mais do que presença, causa e impacto
A COP 30 será uma chance única de colocar as empresas brasileiras e globais em evidência como parceiras no enfrentamento às mudanças climáticas. Porém, o impacto da participação vai depender diretamente da autenticidade e do alinhamento das ações corporativas com o tema central: transformar compromissos ambientais em realidades práticas que respeitem as pessoas e o planeta. No clima de mutirão, estar na COP exige um engajamento ativo, reforçando o papel das empresas como agentes de solução em um cenário que demanda cooperação entre governos, comunidades, sociedade civil e setor privado.
Com a troca de experiências, o fortalecimento de cadeias sustentáveis e a valorização de iniciativas locais, essa será a edição que consolida parcerias em prol de uma transição sustentável, onde as empresas têm a chance de contribuir diretamente para um futuro mais justo, equilibrado e alinhado às demandas ambientais globais. A expectativa é que Belém seja o palco para alinhar discursos e compromissos com ações que realmente fazem a diferença para o futuro do planeta.




