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A COP30 em Belém já começou e o turismo brasileiro entra no centro do debate climático global. Pela primeira vez na história, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas será realizada no coração da Amazônia, de 10 a 21 de novembro de 2025, posicionando o país como protagonista nas discussões sobre sustentabilidade, adaptação climática, sociobioeconomia e futuro do planeta. Para o turismo, o debate inclui pautas como turismo de base comunitária como vetor de desenvolvimento territorial, práticas de turismo regenerativo e valorização dos conhecimentos dos povos originários

Com a realização da COP30, o Brasil conquistou aprovação inédita junto à ONU Turismo para criação de Grupo de Trabalho sobre Turismo e Ação Climática e lançamento da primeira calculadora de gases de efeito estufa (GEE) específica para o setor turístico. Neste contexto estratégico, gestores públicos, consultores e empreendedores do setor enfrentam o desafio de compreender, aplicar e comunicar conceitos que evoluem rapidamente e, que, algumas vezes, podem apresentar sobreposições.

Este glossário técnico reúne definições oficiais e práticas verificadas para orientar decisões estratégicas no desenvolvimento turístico brasileiro alinhado à agenda climática global. O objetivo é que ele te ajude a navegar por termos e ideias que permearão as discussões durante o evento.

Foto: Embratur/Sebrae

Turismo Sustentável: Fundamento e definição oficial

 

O turismo sustentável é definido pela Organização Mundial do Turismo (UNWTO) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) como “turismo que leva em conta seus impactos econômicos, sociais e ambientais atuais e futuros, atendendo às necessidades dos visitantes, da indústria, do meio ambiente e das comunidades anfitriãs”. 

No Brasil, o Ministério do Turismo estabelece que o turismo sustentável deve garantir três dimensões integradas: uso racional dos recursos ambientais preservando processos ecológicos e biodiversidade; respeito à autenticidade sociocultural das comunidades protegendo patrimônio e valores tradicionais; e viabilidade econômica com distribuição equitativa de benefícios às comunidades locais. 

Dimensões da sustentabilidade no turismo

 

O modelo sustentável estrutura-se em três dimensões fundamentais: ambiental (conservação de recursos naturais e biodiversidade), sociocultural (proteção do patrimônio cultural, justiça social e fortalecimento de identidades locais) e econômica (geração de renda e distribuição equitativa de benefícios). Neste modelo, busca-se um equilíbrio entre as dimensões, que precisam ser trabalhadas simultaneamente. Espera-se que o  turismo atue como vetor de desenvolvimento em favor da sustentabilidade, e em todas as suas dimensões.

A Mandala da Sustentabilidade no Turismo, desenvolvida pelos pesquisadores do LETS/UnB João Tasso, David Bouças e Elimar Nascimento, propõe um avanço ao enriquecer essas dimensões. Ela é composta por 21 indicadores, definidos a partir da análise de instrumentos internacionais e de estratégias nacionais vigentes na área de planejamento turístico, que perpassam sete dimensões da sustentabilidade (ambiental, territorial, política, cultural, social, econômica e tecnológica). Atualmente, o modelo teórico avançou para se tornar um instrumento facilitador do monitoramento destes indicadores em parceria com a Sprint Dados e a Itaipu Parque Tech, e está sendo aplicadada em três destinos piloto: Foz do Iguaçu (PR), Bonito (MS) e Brasília (DF).

Sustentabilidade no Turismo: processo contínuo

 

A sustentabilidade no turismo não é um ponto de chegada ou um atributo, mas sim um processo de muitas camadas e em permanente construção, incompleto e sujeito a aperfeiçoamentos. Pensar em sustentabilidade só faz sentido dentro de uma visão de longo prazo, ainda que clame por ações imediatas. 

No caso da emergência climática, tema central das COPs, já entendemos que estamos em atraso – tendo em vista que a meta do Acordo de Paris não foi alcançada. Por isso, as ações se tornaram fundamentais e urgentes. 

Quando o tema é o turismo, pesquisadores do LETS/UnB explicam que nosso desafio é otimizar seus ganhos e mitigar suas perdas nas dimensões da sustentabilidade para os destinos turísticos, suas populações e turistas. É fundamental conciliar usos inteligentes, eficientes e criativos de recursos de uso público e coletivo, possibilitar oportunidades de inserção produtiva que valorizam as comunidades, os modos produtivos (tradicionais, familiares, artesanais), os ativos naturais e culturais do lugar, fortalecer mecanismos de coordenação e de governança que permitam ter coerência e qualidade na oferta turística, com o olhar sempre atento ao futuro, são questões chaves para a sustentabilidade do turismo. 

Turismo regenerativo: Além da sustentabilidade

 

O turismo regenerativo representa uma nova compreensão sobre os impactos já gerados em um planeta sabidamente finito em seus recursos, porém infinito em suas demandas. A noção que acopla é de que, “não basta mitigar, é preciso regenerar os ecossistemas,” e ressignificar as relações da Humanidade com a natureza. 

O turismo deve ser capaz de restaurar ambientes degradados – sejam eles naturais, rurais ou urbanos – e devolver mais do que consome, fortalecendo a biodiversidade e as comunidades que ali vivem.

O conceito, explorado por pesquisadores como Daniel Christian Wahl, propõe que o turismo atue proativamente na restauração de ecossistemas e revitalização de comunidades locais, não apenas minimizando impactos negativos, mas gerando impacto positivo mensurável.

Jaqueline Gil, pesquisadora do LETS/UnB, nos explica que “a nova grande fronteira em viagens e turismo é cuidar dos movimentos regenerativos, em ambientes naturais ou urbanos. A regeneração pode se dar na recuperação de biomas (água, solo, fauna e flora), ou no fortalecimento cultural e na ressignificação de espaços urbanos, por exemplo.” A fim de desenhar iniciativas públicas e privadas do turismo que visam à regeneração, destacamos alguns pontos que a pesquisadora indica: 

  • Usar energias renováveis.
  • Comprar e promover produtos ou serviços com menor pegada ecológica.
  • Investir na regeneração de biomas.
  • Apoiar lideranças políticas pragmáticas que discutem e decidem a favor do clima.
  • A narrativa da ação climática precisa crescer, com histórias pragmáticas, positivas e divertidas
  • Incorporar investimentos e reinversão de lucros do turismo em sua matéria-prima essencial: a natureza e o clima. 
  • Empoderar lideranças conectadas com soluções climáticas é uma necessidade.

Foto: Embratur/Sebrae

Diferenças entre sustentável e regenerativo

 

Enquanto o termo “turismo sustentável” foca em equilibrar dimensões socioambientais e econômicas, buscando preservar o que existe, o regenerativo busca ativamente melhorar ambientes e comunidades. “A sustentabilidade ensinou a buscar equilíbrio entre desenvolvimento econômico e social, mas não é suficiente”, destacam especialistas do setor. Isso ocorre especialmente quando estamos diante do fato de termos ultrapassado alguns limites planetários. Como exemplo, podemos observar a temperatura dos oceanos, a poluição plástica e a destruição massiva de corais.

A diferença crucial reside no protagonismo comunitário: na sustentabilidade, quando necessidades locais divergem do negócio turístico, buscam-se compensações; na regeneração, comunidades são cocriadoras dos projetos desde a concepção. 

Práticas regenerativas aplicadas

 

Projetos regenerativos privilegiam experiências transformadoras: plantio de árvores nativas, recuperação de nascentes, revitalização de corais, proteção de polinizadores, trilhas interpretativas, banhos de floresta e educação ambiental que “transformam a percepção do viajante”. Aliados à noção de experiências memoráveis, a regeneração pode ser uma forte aliada para projetos – que devem sempre ser cocriados com as comunidades locais. 

O Seminário RUMOS, realizado em Belém em outubro de 2025, reuniu especialistas para debater “turismo sustentável e regenerativo no Pará pós-COP30”, destacando que estamos diante de uma oportunidade para consolidar a Amazônia como referência global em práticas regenerativas. Aqui neste artigo do Turismo Spot, você encontra mais exemplos.

Turismo de base comunitária: Protagonismo local

 

O Turismo de Base Comunitária (TBC) é definido pelo Decreto Federal nº 9.763/2019 como “modelo de gestão da visitação protagonizado pela comunidade, que gera benefícios coletivos, promove a vivência intercultural, a qualidade de vida, a valorização da história e da cultura dessas populações”.

Segundo o Ministério do Turismo, o TBC caracteriza-se por autogestão, associativismo, democratização de oportunidades, colaboração participativa e valorização cultural, com a comunidade local como protagonista na gestão da atividade turística. 

Foto: Embratur/Sebrae

Princípios fundamentais do TBC

 

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) estabelece cinco princípios essenciais: bem comum (solidariedade sobrepõe interesses pessoais), conservação da sociobiodiversidade, valorização da história e cultura local, protagonismo comunitário nas decisões, e equidade social na partilha de benefícios. 

Pesquisadores do LETS/UnB esclarecem que o TBC traz uma proposta de desenvolvimento de turismo na escala local e centrado nos recursos endógenos das comunidades. Eles indicam que na teoria, a literatura ressalta seu potencial de promover a conservação ambiental, a valorização da identidade cultural e a geração de benefícios para as comunidades receptoras. Em práticas analisadas no Brasil, os pesquisadores observam que a dominialidade e a organização comunitária são os elementos fundamentais que puderam ser efetivamente observados.

TBC versus turismo em comunidades

 

A distinção é fundamental: TBC exige gestão coletiva efetiva e propriedade comunitária dos empreendimentos turísticos, não apenas presença da comunidade como mão de obra ou fornecedora de serviços. [É extremamente desejável que o sistema de governança local dê conta da repartição de benefícios de forma justa entre os participantes do turismo na localidade. 

TBC na agenda COP30

 

O Ministério do Turismo estabeleceu parceria com a Conservação Internacional (CI) especificamente para “promover o turismo de base comunitária como ferramenta de proteção territorial e geração de renda na Amazônia”, posicionando o TBC como estratégia central de desenvolvimento sustentável apresentada na COP30. 

Belém lançou a Rota Combu em setembro de 2025, conectando comunidades ribeirinhas e fortalecendo o turismo de base comunitária como modelo replicável na Amazônia. A oferta turística foi construída por meio de um trabalho sensível, desenvolvido pela Raízes Desenvolvimento Sustentável como parceira do Sebrae, lado a lado com a comunidade para que a construção os represente em sua integralidade. 

Brasília / DF Foto: Governo do Distrito Federal/Bento Viana

Ecoturismo: Conservação e educação ambiental

 

O ecoturismo é definido pelo Ministério do Turismo como “segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações”. 

A definição alinha-se à estabelecida pela The International Ecotourism Society (TIES): “viagem responsável a áreas naturais, visando preservar o meio ambiente e promover o bem-estar da população local”. 

Três dimensões essenciais

 

O ecoturismo estrutura-se em três pilares: baseia-se na natureza como atrativo principal; envolve informação e aprendizado ambiental (educação e interpretação); e exige gestão/operação sustentável com participação das comunidades locais. 

O termo continua sendo bastante usado, mas ficou mais atrelado a um segmento que evoca o turismo que ocorre na natureza. Ele se compromete com fundamentos da sustentabilidade, mas não são sinônimos. 

Turismo responsável: aceitar a responsabilidade pelos seus impactos 

 

O turismo responsável diferencia-se dos conceitos anteriores por focar nos compromissos e comportamentos dos provedores do turismo (cadeia produtiva, trade) e dos turistas seja em nível coletivo ou individual. Segundo o MTur, “refere-se às práticas, sob os princípios da sustentabilidade, que envolvem todos os segmentos de mercado”.

O termo enfatiza responsabilidade pessoal nas escolhas de viagem, respeito às culturas locais, minimização de impactos ambientais e apoio a economias comunitárias. Ele diz respeito a tomar para si a responsabilidade sobre os impactos gerados e buscar orientá-los de outras formas. 

No Brasil, o Coletivo MUDA fortalece essa bandeira e busca agregar empreendedores que se alinham com os compromissos do turismo responsável:

  • Me comprometo a seguir normas, protocolos, leis e regulamentos internacionais e nacionais pertinentes à minha atividade.
  • Me comprometo a escutar e dialogar, respeitando a diversidade de crenças religiosas, filosóficas e morais.
  • Me comprometo a participar ativamente de debates e da tomada de decisão local, a partir de coletivos do meu segmento (como conselhos) ou da governança, conforme minha realidade.
  • Me comprometo a contribuir ativa e diretamente para a preservação da vida selvagem e do meio ambiente; bem como para a redução da emissão de carbono e do uso de plástico.
  • Me comprometo a apoiar pequenos negócios e consumir serviços e experiências que contribuam para a comunidade local, estimulando a tomada de responsabilidade mútua e coletiva.
  • Me comprometo a registrar e comunicar, proporcional e eticamente, minhas ações, meus resultados e meus indicadores, contribuindo com números que mostrem a importância do Turismo Responsável.
  • Me comprometo a comunicar meus aprendizados, erros e acertos para inspirar outras pessoas.

Estes compromissos integram o Manifesto para o Turismo Responsável. 

Brasília / DF Foto: Governo do Distrito Federal/Bento Viana

Overtourism: Turismo excessivo e seus impactos

 

Overtourism (sobreturismo ou turismo excessivo) é definido como “número excessivo de visitas turísticas a um destino ou atração popular, resultando em danos ao meio ambiente local e sítios históricos, e também em populações mais pobres, afetando a qualidade de vida dos moradores”, segundo o Dicionário Oxford. 

O conceito não se refere apenas ao volume de turistas, mas à incapacidade de gestão do destino em administrar o fluxo dentro de sua capacidade de suporte. 

Impactos documentados e alertas

 

Os  impactos ambientais (degradação de praias, erosão de trilhas, poluição, pressão sobre recursos hídricos), sociais (aumento de custos de moradia, expulsão de moradores, perda de identidade cultural) e econômicos (inflação imobiliária, transformação do comércio local) já são aferidos em locais com excesso de turismo. 

Pesquisadores do LETS/UnB, como João Paulo Tasso e Mozart Fazito, indicam que o “overtourism já é uma realidade em muitos destinos do Brasil. Nota-se a falta de balanceamento nas estratégias políticas de desenvolvimento turístico, que pouco se preocupam com a contenção e avaliação dos níveis de saturação dos fluxos e suas consequentes perturbações”. 

Casos emblemáticos e prevenção

 

Destinos como Barcelona, Amsterdã, Veneza, Bali e Machu Picchu exemplificam o fenômeno globalmente. No Brasil, especialistas alertam sobre riscos em destinos emergentes que ganham visibilidade nas redes sociais sem infraestrutura adequada. 

A gestão preventiva do overtourism é tema prioritário nas discussões da COP30, especialmente considerando a projeção de aumento da visitação à Amazônia pós-conferência. 

Capacidade de carga turística

 

Capacidade de carga refere-se ao “número máximo de visitantes que um destino pode receber sem causar impactos negativos aos recursos naturais, culturais, sociais e econômicos, e sem reduzir a qualidade da experiência do visitante”. 

Especialistas classificam quatro tipos: física (limite espacial), ambiental (impactos ecológicos), social (tolerância da comunidade) e econômica (viabilidade financeira). 

Atualmente já se entende que não basta um “número mágico” para aferir essa capacidade de carga em atrativos e destinos turísticos. Ainda mais relevante é o manejo que se faz da atividade turística e o engajamento em comportamentos responsáveis, seja por parte dos turistas ou dos fornecedores das atividades. 

Certificações e padrões globais

O tema da certificação é central para o debate porque certificar o turismo pode dinamizar uma trajetória coletiva que transborda impactos positivos para os territórios. Por essa razão, foi debatido por especialistas no Fórum Brasileiro de Turismo Responsável 2025. A mensagem ressaltada foi: a certificação não deve ser olhada como “fim”, mas como “meio” para modificar e aprimorar processos, condutas e culturas. E, sobretudo, que deve ser valorizada como ação coletiva de um destino, no lugar de apenas uma ação individual de um negócio. 

De toda forma, são muitas as possibilidades de certificação – que devem ser escolhidas de acordo com os objetivos, recursos e realidade de cada organização ou território turístico. Alguns exemplos são:

 

GSTC: Global Sustainable Tourism Council

 

O GSTC é uma organização sem fins lucrativos criada em 2007 com apoio do PNUMA e UNWTO para promover sustentabilidade no turismo. Estabelece padrões globais através dos Critérios GSTC, reconhecidos internacionalmente. 

Os 34 indicadores GSTC distribuem-se em quatro áreas: gestão sustentável (sistemas de gestão e comunicação), impactos socioeconômicos (benefícios para comunidades e práticas trabalhistas), impactos culturais (patrimônio e autenticidade) e impactos ambientais (recursos, poluição, biodiversidade). 

Importante: O GSTC não certifica diretamente empresas ou destinos, mas acredita organismos certificadores e reconhece programas/selos alinhados aos seus critérios. 

Green Key

 

O Green Key é um programa de certificação ambiental hoteleira reconhecido pelo GSTC, presente em mais de 70 países. Avalia gestão de recursos, práticas sustentáveis e educação ambiental em meios de hospedagem. 

Foto: Embratur

Conceitos complementares

Pegada de carbono no turismo

 

Refere-se às emissões de gases de efeito estufa geradas pela atividade turística. O setor responde por 8 a 9% das emissões globais de CO₂, segundo dados oficiais. 

A primeira calculadora de GEE específica para turismo, desenvolvida em parceria com a ONU Turismo e apresentada na COP30, permite que destinos e empresas mensurem e gerenciem suas emissões de forma padronizada. 

Bioeconomia e o turismo 

 

Bioeconomia e Sociobioeconomia são conceitos que têm crescido nos debates sobre o turismo. As atividades que sejam responsáveis, comprometidas com os princípios da sustentabilidade são vistas como um potencial desdobramento do conceito que integra conservação da biodiversidade, valorização das culturas tradicionais e seus modos de produção, e geração de renda. Na Amazônia, inclui experiências com produtos florestais não-madeireiros, gastronomia regional e conhecimentos tradicionais. Um exemplo recorrente é ligado a RDS de Mamirauá com o Uakari Lodge. 

Elimar Nascimento, pesquisador do LETS/UnB, ressalta que o turismo pode oferecer à sociobioeconomia: uma alternativa para atividades que mantém a floresta em pé, rios limpos e que valorizam os saberes das comunidades tradicionais. Sobretudo, que o turismo possa ampliar a consciência ambiental para um turismo que aponta para os desafios do futuro. Isto é, falar de crise climática e de necessidade por regeneração. 

Glossário rápido

 

Agrofloresta: Sistema produtivo que integra agricultura e floresta, preservando biodiversidade
Bioeconomia: Modelo econômico baseado em recursos biológicos renováveis e nos modos de vida tradicionais, seus conhecimentos e valores
Compensação Ambiental: Medidas para reparar impactos ambientais negativos
Descarbonização: Redução ou eliminação de emissões de carbono em operações turísticas
Educação Ambiental: Processos de aprendizado sobre meio ambiente e conservação
Experiência Imersiva: Vivência profunda e transformadora do destino
Governança Turística: Coordenação entre atores públicos, privados e sociedade civil
Impacto Positivo: Contribuição mensurável para melhoria de destinos
Interpretação Ambiental: Comunicação educativa sobre recursos naturais e culturais
Vivência Turística: Participação ativa em experiências locais autênticas
Economia circular no turismo: Aplicação de princípios de redução, reutilização e reciclagem na cadeia produtiva turística, minimizando resíduos e valorizando produção local.
Destino inteligente (Smart Destination): Conceito que integra tecnologia, sustentabilidade, acessibilidade e governança para otimizar gestão turística e experiência do visitante.
Slow tourism: Movimento que valoriza viagens mais lentas e imersivas, priorizando conexão profunda com destinos em detrimento de roteiros acelerados.
Produção associada ao turismo: Conjunto de bens e serviços produzidos localmente que agregam valor à experiência turística (artesanato, gastronomia, produtos regionais), gerando renda para comunidades.

Aplicação estratégica para gestores

 

Para gestores públicos e consultores, a compreensão precisa destes conceitos orienta políticas públicas eficazes, captação de recursos (muitos editais exigem alinhamento a critérios GSTC), desenvolvimento de produtos turísticos diferenciados e comunicação credível junto a públicos qualificados.

O novo Mapa do Turismo Brasileiro 2025 incorpora dimensões de governança, sustentabilidade e impacto socioeconômico, tornando essencial o domínio destes termos para municípios que buscam qualificação e recursos federais. 

Oportunidades COP30

 

O Pará investiu R$1,2 bilhão em infraestrutura turística preparando-se para a COP30, com expectativa de receber entre 70 e 100 mil visitantes durante a conferência. O governo estadual projeta que o evento consolide o turismo sustentável como vetor de desenvolvimento econômico regional de longo prazo. 

Para destinos e empreendedores que demonstrarem alinhamento aos conceitos de sustentabilidade apresentados neste glossário, a COP30 representa oportunidade estratégica de visibilidade global, networking qualificado e acesso a investimentos voltados à economia verde. 

Referências e aprofundamento

Organizações internacionais:

  • UNWTO (Organização Mundial do Turismo): unwto.org
  • GSTC (Global Sustainable Tourism Council): gstc.org
  • TIES (The International Ecotourism Society): ecotourism.org
  • PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente): unep.org

Fontes nacionais:

COP30 Brasil: cop30.gov.br

O domínio destes conceitos não representa apenas qualificação técnica, mas ferramenta estratégica para posicionar destinos, captar investimentos e desenvolver turismo competitivo, responsável e transformador. Com a realização da COP30 em solo brasileiro, gestores e empreendedores que incorporarem estes princípios estarão preparados para liderar a transformação do turismo nacional no cenário climático global.

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Marcela Pimenta e Helena Araújo Costa

Marcela Pimenta - mineira que mora em Alagoas, mãe do Theo e da Lara, apaixonada pelo turismo desde sempre. Fica muito feliz todas as vezes que seu trabalho impacta positivamente a vida das pessoas. É fundadora da Turismo 360 junto com três sócios que são amigos, parceiros e profissionais admiráveis e cofundadora do Turismo Spot! Sobre o Turismo Spot: "O Turismo Spot representa o desafio de produzir conteúdo técnico de maneira leve, mas ao mesmo tempo eficiente e útil para os profissionais, gestores e empresários de turismo! Tenho muito orgulho de fazer parte desse hub de conteúdo técnico sobre turismo" — Helena Araújo Costa é Professora Associada III do Departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB), com mais de 15 anos de experiência em ensino, pesquisa e gestão em Administração e Turismo. Doutora em Desenvolvimento Sustentável, Mestre em Turismo e Hotelaria e Bacharel em Administração. Atuou como Assessora da Diretoria de Marketing Internacional, Negócios e Sustentabilidade da Embratur (2023–2024) e como Assessora Especial do Ministro do Turismo (2014–2015). Co-fundadora e líder, até 2023, do Laboratório de Estudos em Turismo e Sustentabilidade (LETS/CDS/UnB). É Editora-chefe do Selo Editorial LETS UnB. Já coordenou projeto de pesquisa em parceria com a ONU Meio Ambiente Brasil e participou como pesquisadora convidada no International Center for Responsible Tourism (Reino Unido) e na Universidade de Aveiro (Portugal). Em 2020, figurou na 16ª posição entre os pesquisadores de turismo mais influentes da América Latina (Moreno-Gil et al., 2020). Publicou mais de 40 artigos científicos, 12 capítulos de livros, foi autora de um livro e organizadora de 3 obras na temática de turismo e sustentabilidade. Atualmente, coordena projetos inovadores da UnB como a Casoteca ADM, uma plataforma de casos premiada nacionalmente pela inovação no ensino; e participa da coordenação do Jardim de Sequeiro, projeto que cultiva mais de 5.000 m2 de jardins sustentáveis e espaços comunitários de bem-estar, premiado internacionalmente. Sobre o Turismo Spot: "O Turismo Spot é uma plataforma dinâmica, atualizada e de referência na área de Turismo brasileiro. É um espaço para pensar junto e encontrar novidades."