Nestes muitos anos supervisionando as atividades de campo dos alunos das disciplinas de planejamento turístico, tenho observado as mesmas questões fundamentais se replicando em diferentes lugares e épocas.
Sempre tem aquela gente entusiasmada que acredita muito no turismo como alternativa para melhorar a qualidade de vida do lugar, outros que não tem idéia do que seja e muitos que já desanimaram. Mas tem algo que é um denominador comum, a dificuldade de se manter o fôlego para sustentar um projeto de médio e longo prazo. Porque este é o tempo que se precisa para se consolidar as bases de um destino turístico, garantir que os diversos agentes estejam envolvidos e comprometidos no aprimoramento constante na gestão do destino. Pois a cada etapa superada, uma nova se apresenta com desafios mais complexos e uma maior exigência de compromisso.
Neste processo, por vezes tenso e trabalhoso, a rede de relacionamentos profissionais muitas vezes se desgasta e se esgarça. Se perde a confiança nas instituições, nas organizações e nas pessoas. Isto ocorre por muitos motivos externos e internos, e um dos principais é o pouco cuidado que se tem com a comunicação, e por consequência o estabelecimento de um ambiente de confiança. Assunto que ainda é pouco estudado na área de planejamento turístico, mas que tem se mostrado fundamental seja para envolver, engajar ou mesmo estimular o comprometimento daqueles que atuam no desenvolvimento do turismo nos destinos.
Outro dia conversava com um profissional da área sobre esta questão, indiquei uma leitura para ajudá-lo com seus desafios, na semana seguinte ele me envia um email dizendo, – Professora têm razão: “dois monólogos não fazem um diálogo”, se referindo aos problemas que precisava superar para gerenciar um atrativo natural.
Afinal, gerenciar destinos significa coordenar um trabalho complexo com diversos segmentos e interesses, como fazer isto sem elaborar e implementar uma estratégia de comunicação eficiente? Como garantir que a informação chegue a todos? Como garantir que todos sejam de fato ouvidos?
Para isso podemos contar com uma série de estratégias e canais de comunicação, o que pode ser insuficiente, porque é preciso entender que não se trata exclusivamente de disponibilizar dados e informações, mas de construir algo mais complexo: DIÁLOGO. E isso implica superar um desafio da sociedade atual: ESCUTAR! Buscar a compreensão, os consensos no diferente, ganhar com a diversidade de opiniões, interesses, experiências, visões de mundo. Estabelecer relações de respeito e tolerância que possam se fortalecer nos momentos difíceis e serem celebradas com os bons resultados.
Esta é uma ação muito trabalhosa pois exige disponibilidade, paciência e persistência. Tenho visto acontecer em vários lugares, normalmente são gestores públicos dedicados que perceberam que o seu trabalho é articular, conversar, informar, estabelecer conexões. E com isso se tornam respeitados e referências nos destinos turísticos. E o risco é que se torne algo personalizado, que só existe porque aquela pessoa está ali. E quando não estiver mais? Por isso este tipo de ação precisa ganhar apoio e condições para se tornar responsabilidade de todos os envolvidos.
E como dizia o Velho Guerreiro “quem não se comunica se estrumbica”, os antigos vão lembrar, os novos podem pesquisar… Isto vale também para a gestão de seu destino turístico, se o assunto interessou, convido você a conhecer um material que o grupo de pesquisa CETES – Centro de Estudos de Turismo e Desenvolvimento Social produziu e disponibilizou para apoiar os gestores de destinos de turísticos, a coleção Cadernos Aplicados de Turismo, é só acessar e baixar: www.eca.usp.br/cetes