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O que é o Afroturismo e por que ele importa

O Afroturismo que valoriza a cultura, história e os territórios da população negra, vem ganhando espaço no cenário nacional como uma vertente do turismo mais diverso, inclusivo e representativo.

Marcos recentes nas políticas públicas

Nosso país tem a maior população afrodescendente fora do continente africano e esta influência está presente está na formação da história, cultura e economia, porém, por muitas décadas não foi reconhecida pela sociedade brasileira.

O mercado do Afroturismo é voltado para o fortalecimento da identidade cultural afro-brasileira e para o desenvolvimento social e econômico de comunidades negras.

Em 2023, o Afroturismo entrou para a pauta de políticas públicas do governo federal e o Ministério do Turismo em parceria com a Unesco no Brasil contratou consultoria especializada para a realização de diagnóstico do Afroturismo e das políticas públicas relativas ao turismo voltado a cultura afrobrasileira no país. 

Levantamento inédito e panorama do setor

Nesse estudo inédito foi feito um levantamento das boas práticas de Afroturismo em âmbito nacional e internacional no âmbito das políticas públicas, projetando oportunidades e desafios para o setor. 

A institucionalização do Afroturismo como política pública federal, no ano de 2023 foi um marco  e diversas ações foram desenvolvidas. Dentre alguns exemplos, temos:

  • O Ministério do Turismo, o Ministério da Igualdade Racial e a Embratur realizaram reunião para pensar o Afroturismo nos próximos quatro anos;
  • Criação da Coordenação de Diversidade, Afroturismo e Povos Indígenas pela Embratur;
  • O edital Viva a Pequena África, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), foi anunciado com verba de R$20 milhões para o Cais do Valongo e criação de museu;
  • Realização do encontro “Consolidação e Promoção do Afroturismo”, realizado pelo Ministério do Turismo, em parceria com o Ministério da Igualdade Racial, a Embratur e o Banco Interamericano de Desenvolvimento- BID, reunindo profissionais de diferentes estados e representantes de secretarias municipais e estaduais.

Foi também criado pelo Ministério da Igualdade Racial, o Programa Rotas Negras, com o objetivo de promover a igualdade racial por meio da valorização da história e cultura afro- brasileira, com a criação de roteiros turísticos envolvendo os entes federados integrados no Mapa do Turismo Brasileiro e aderentes ao Sistema Nacional de Promoção a Igualdade Racial (SINAPPIR). 

Outro marco importante para o Afroturismo foi ter sido incluído como tendência de mercado no Plano Nacional de Turismo (PNT).

Principais achados do diagnóstico

Como principais achados do diagnóstico, temos:

No âmbito das políticas públicas nacional temos como exemplo diversos programas e iniciativas que foram executadas como: o apoio a promoção do Afroturismo no Salão do turismo em 2024, organizado pelo Ministério do Turismo, Ministério da Igualdade Racial e Embratur, o projeto Experiências do Brasil Original com objetivo de ampliar a oferta turística brasileira através de experiências de turismo de base comunitária ofertadas por comunidades tradicionais, além do lançamento da Embratur do cadastro de experiências (CAE Black), que terá recorte racial na sistematização das experiências de Afroturismo brasileiras. 

Exemplos municipais

No âmbito municipal destacamos o município de São Luiz, como um bom exemplo de boas práticas que vem desenvolvendo roteiros de Afroturismo desde 2021, como o Quilombo urbano do bairro da Liberdade, se tornando referencia na localidade. 

No município do Rio de Janeiro, em 2022, a Prefeitura do Rio e Ministério Público Federal assinaram um acordo de cooperação para estimular o turismo na Pequena África, com a criação de um Guia Turístico e Gastronômico da Pequena África e nos próximo ano receberá o Centro Cultural Rio- África, que aproximará a cultura afro-brasileira e africana. 

Exemplos estaduais

No âmbito estadual, temos a secretaria do Estado da Bahia (Setur), que através do projeto Agô Bahia, tem fortalecido a valorização das religiões de matriz africana, além de projetos de capacitação e desenvolvimento do Afroturismo.

Em São Paulo, a Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo (Setur), lançou 10 roteiros para impulsionar o Afroturismo em comunidades quilombolas. 

Diversas outras ações de desenvolvimento para o Afroturismo foram feitas em âmbito nacional, municipal e estadual. 

Referências internacionais

Experiências na África

No âmbito internacional destacamos países africanos como Senegal e Gana que impulsionaram através do ano do retorno em 2019, com objetivo de fortalecer a economia e turismo, e a conexão com a população da afro diáspora refletindo nas Américas, Europa e Caribe.

Experiências nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos destacamos a cidade de Nova York que vem investindo no Black Travel, celebrando as raízes e culturas africanas, apoiando destinos como o Harlem, desenvolvendo eventos e feriados para impulsionar o Afroturismo na cidade.

Desafios e oportunidades para o Afroturismo

Encaminhamentos

O Afroturismo é um mercado com grande potencial no país, porém tem desafios a serem enfrentados relacionados a: falta de reconhecimento institucional, baixo investimento público e privado, falta de capacitação e apoio para empreendedores negros, além do racismo estrutural.

Recomendações e próximos passos

O Afroturismo para se desenvolver de forma consistente e sustentável, é necessária a implementação de políticas públicas voltadas para o setor, além de fomento na capacitação de mão de obra especializada e desenvolvimento de produtos turísticos voltados a cultura afro-brasilera. 

Suas oportunidades e potencial de crescimento estão voltadas ao mercado nacional e internacional, fortalecimento educacional e de valorização da história negra para o desenvolvimento do turismo sustentável e comunitário no país. 

Neste estudo foram apresentadas recomendações de políticas públicas que podem ser implementadas em órgãos públicos na esfera estadual e municipal, além de temas correlatos como relações étnico racial, letramento racial e educação patrimonial que são necessários para o crescimento do Afroturismo no Brasil.

Para ter acesso a pesquisa completa CLIQUE AQUI.

 

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Thais Rosa Pinheiro

Apaixonada por outras culturas e formas de viver. Acredita no turismo como um caminho de maior compreensão humana, formação de diálogo, quebra de barreiras, preconceitos e estereótipos. No Brasil, acredita que o turismo pode ser uma ferramenta para a diminuição das desigualdades raciais, sociais e de reconhecimento da história afrobrasileira e indígena. Especialista em Afroturismo, CEO da Conectando Territórios, Atuou como consultora de Afroturismo para Unesco e Ministério do Turismo. Mestra em Memória Social (UNIRIO), Especialista em Estudos da Paz e Resolução de Conflitos (Tailândia), Especialista em História da África e Afro Brasileira (FACHA), Especialista em Análise Ambiental e Gestão do Território (ENCE). Pesquisou Turismo Étnico e de Base comunitária em comunidades quilombolas. Atuou em projetos de capacitação para o Turismo de Base Comunitária em comunidades tradicionais, e em projetos de Memória. Criadora da WEB série Nzinga: Mulheres Viajantes, e guia de turismo da Pequena África (RJ).