Por que o afroturismo é essencial para o turismo brasileiro
Nos últimos anos, o fenômeno conhecido como Destinos Turísticos Inteligentes (DTI) vem gerando discussões, estudos e intervenções em diferentes países. Você sabe o que é um DTI? É um novo modelo de gestão voltado para o planejamento e o gerenciamento de destinos turísticos que usa tecnologias avançadas para proporcionar experiências personalizadas e mais eficientes.
China, Coreia do Sul e Espanha são considerados países de ponta quando se trata da produção de conhecimentos e da implementação de DTI. Países como estes vêm investindo nas tecnologias digitais para incrementar a experiência do turista, trazer bem-estar aos residentes e gerar informações valiosas para aprimorar a gestão do turismo em um destino.
Entre essas tecnologias, podem ser citadas: aplicativos que facilitam o turismo local, Wi-Fi gratuito em pontos turísticos, atrações turísticas com realidade virtual e aumentada, colocação de sensores que medem o fluxo de visitantes, ajudando a diminuir aglomerações, etc. Assim, a lógica do DTI é transformar os destinos para que promovam experiências turísticas e de lazer inovadoras, tendo a tecnologia como aliada.

Curitiba – PR. Foto: Embratur
Disponibilizar essas tecnologias em muitos destinos, como no Brasil, ainda é um desafio. Nosso país é marcado por muitas desigualdades, incluindo as digitais; faltam políticas públicas integradas e em muitas localidades a infraestrutura básica é precária. Assim, problemas estruturais de ordem socioeconômica podem inviabilizar a implementação de um DTI.
Além disso, é preciso fazer um alerta quanto ao uso massivo de tecnologias: será que um modelo DTI de fato contribui para promover melhorias nas experiências vividas por turistas e residentes, ou está apenas aumentando a dependência digital e favorecendo o abismo digital entre pessoas e destinos? Reflexões como esta são essenciais quando se pensa na implementação e na gestão de um DTI na atualidade, tanto no contexto nacional, como internacional.
O DTI não é apenas um destino com tecnologia, e sim um ecossistema complexo e dinâmico que molda a experiência turística. De acordo com o modelo espanhol, por exemplo, os eixos que definem um DTI são a sustentabilidade, a acessibilidade, a governança, a tecnologia e a inovação. Em um DTI, todas essas áreas são integradas para facilitar a experiência do turista, e também para melhorar a qualidade de vida dos moradores.

Foto: Embratur
A base que rege um DTI está voltada para a interação e integração de componentes físicos e digitais, apoiados em tecnologia e inovação. E, para isso, a governança trata-se do eixo principal para se atingir a eficiência e a eficácia na gestão de um destino turístico inteligente.
Por iniciativa do Ministério do Turismo (MTur), desde 2023 algumas cidades brasileiras começaram a adotar este modelo de gestão de destinos, tornando-os “inteligentes”. Além dos cinco pilares citados anteriormente (tecnologia, inovação, governança, acessibilidade e sustentabilidade), o modelo DTI desenvolvido no Brasil leva em conta outras áreas: segurança, mobilidade e transporte, e também a promoção, o marketing e a criatividade. A implementação dessas áreas levou em consideração tanto a realidade histórica e social do nosso país, como as diferenças de cada destino turístico brasileiro.
Em síntese, mesmo que muitas pessoas pensem que o adjetivo “inteligente” agregado ao destino seja sinônimo de tecnologias digitais, o termo vai muito além disso. Assim, um destino turístico inteligente precisa levar em consideração práticas sustentáveis, inclusão social e respeito à identidade local, além de promover melhorias nos serviços, no planejamento e na infraestrutura dos centros urbanos. Sem esses elementos, o destino será apenas funcional – não será, de fato, “inteligente”.
Estas reflexões são fruto das pesquisas sobre DTI que realizamos na Universidade Federal de Minas Gerais com o apoio da FAPEMIG – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais, do CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e da CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior.
Pesquisadoras:
Joyce Kimarce do Carmo Pereira – Professora do curso de Turismo da Universidade Federal de Minas Gerais. Doutora e Mestre em Estudos Interdisciplinares do Lazer, com Pós-doutorado em Estudos do Lazer (UFMG).
Christianne Luce Gomes – Professora Titular da Universidade Federal de Minas Gerais. Doutora em Educação, com Pós-doutorado em Geografia e Turismo. Pesquisadora do CNPq, CAPES e FAPEMIG.
Saiba mais em:
https://www.anptur.org.br/anais/anais/files/21/3818.pdf
https://sou.ucs.br/etc/revistas/index.php/rosadosventos/article/view/13343
https://periodicos.univali.br/index.php/rtva/article/view/20716