Para quem atua no setor do turismo, o ano de 2024 finaliza com muitas reflexões sobre nosso papel no mundo. Seja por conta do crescimento da contribuição da atividade para a economia, ou pela dimensão da problemática da emissão de carbono, os debates sobre turismo e mudanças climáticas ganham cada vez mais importância na governança dos países.
Turismo como pauta central na COP29
Prova disso é que, pela primeira vez na história, o turismo foi tema de um dia inteiro de discussões dentro da programação oficial da COP29, em Baku, no Azerbaijão. A inclusão da pauta “ação climática no turismo” na agenda da COP 29, que aconteceu em Baku, no Azerbaijão, por iniciativa da presidência do país. O evento representou um marco para o setor.
Durante o dia 20 de novembro, aconteceram reuniões de alto nível, com a participação de 10 ministros de estado de Turismo, 30 países e mais de 700 participantes. Ali, o objetivo era discutir a sustentabilidade do turismo e seus impactos nas mudanças climáticas.
Declaração de Baku e compromissos globais
A diretora executiva da Onu Turismo, Zoritsa Urosevic, declarou que mais de 50 países assinaram a Declaração de Baku sobre o Reforço da Ação Climática no Turismo. Isso sublinha não só a vulnerabilidade do setor aos impactos climáticos, mas também o seu imenso potencial para liderar na definição de soluções para os desafios relacionados a essa questão.
Na prática, os países que assinaram a declaração se comprometeram a reconhecer a necessidade de incluir turismo e mudanças climáticas ao elaborar seus planos climáticos, em especial, nas suas NDCs (contribuições nacionalmente determinadas, na sua sigla em inglês), os compromissos oficiais de emissão de gases de efeito estufa, que serão atualizados até fevereiro de 2025, segundo informações da agência Reuters.
Para isso, precisamos analisar com mais afinco os impactos, oportunidades e desafios para o fortalecimento do turismo no Brasil, a partir dos cenários projetados pela mudança climática global, para fins de mitigação, planejamento de ações de adaptação e minimização de impactos e vulnerabilidades.
O turismo e as emissões de carbono
Vale destacar que o turismo é responsável atualmente por 8,8% das emissões globais de carbono. Por outro lado, as mudanças climáticas impactam fortemente a atividade. Isso reforça o vínculo crucial entre turismo e mudanças climáticas, especialmente quando analisamos como a descarbonização pode ajudar o setor a fazer parte da solução para o desenvolvimento sustentável. Entretanto, os eventos extremos, como secas severas, tempestades, furacões e enchentes têm afetado não só a segurança e as condições de vida da população local, mas a oferta turística em muitas regiões e comunidades globais.
O turismo é responsável atualmente por 8,8% das emissões globais de carbono. Por outro lado, as mudanças climáticas impactam fortemente o setor. Sendo assim, o foco na descarbonização, regeneração e resiliência, porém, tende a colocar o setor como parte da solução para o desenvolvimento sustentável do planeta.
O que é COP?
A Conferência das Partes (COP) é uma reunião anual de signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês). Ela tem como objetivo debater medidas que diminuam a emissão de gases do efeito estufa. Além disso, também buscasse encontrar soluções para problemas ambientais que afetam o planeta e negociar acordos.
Avanços do setor de turismo em outras COPs
Durante a COP25, realizada em Madrid em 2019, constatou-se que as mudanças climáticas impactam diretamente o setor. Como resultado, acontece uma redução na competitividade dos destinos devido à perda de biodiversidade e atrações naturais.
Na COP26, em Glasgow, as lideranças do turismo firmaram a Declaração de Glasgow. O compromisso incluía cortar as emissões de dióxido de carbono pela metade até 2030. Os signatários deveriam apresentar um plano de ação climática em até 12 meses. Eles também precisavam iniciar a implementação e relatar publicamente os avanços alcançados. A prestação de contas deveria ser realizada pelo menos uma vez ao ano.
Na COP30, que ocorrerá em 2025, em Belém (PA), espera-se avaliar os resultados do Acordo e assumir novos compromissos práticos. O objetivo é construir um modelo de turismo que proteja os patrimônios naturais e as comunidades que vivem neles. A Amazônia, que sediará o encontro, é um exemplo central dessa necessidade.