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O Acordo de Paris é um tratado global, adotado em dezembro de 2015 pelos países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21) que aconteceu na cidade de Paris. Este acordo rege medidas para redução de emissão de dióxido de carbono a partir de 2020 e tem por objetivos fortalecer a resposta à ameaça da mudança do clima e reforçar a capacidade dos países para lidar com os impactos gerados por essa mudança.

Por meio deste acordo, os governos se comprometeram em agir para manter o aumento da temperatura média mundial abaixo dos 2 °C em relação aos níveis pré-industriais, limitando o aumento a 1,5 °C. Para tanto, os países apresentaram planos de ação nacionais abrangentes por meio da formulação de sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, acrônimo em inglês), documento que registra os compromissos e contribuições de cada país para redução das emissões.

Desde então, diversos setores da economia iniciaram reflexões sobre formas de contribuição para o Acordo de Paris. No caso do turismo, uma pesquisa da Organização Mundial do Turismo (OMT) e do Fórum Internacional de Transportes (ITF) em dezembro de 2019, foi a base para a chamada para ação. Ela concluiu que as emissões de dióxido de carbono no turismo cresceram 60% entre 2005 e 2016 e representavam 5% das emissões mundiais. Além disso, a mesma pesquisa prevê que as emissões de CO2 no turismo aumentem pelo menos 25% até 2030, mantendo-se o cenário dos últimos anos.

Tal relatório foi apresentado na COP25 em Madrid e ressaltou que, para além de seus impactos, o turismo também é altamente vulnerável às mudanças climáticas. Entre as ameaças estão os eventos extremos que aumentam custos de seguro e preocupações com seguranças, perda de biodiversidade e danos a atrações em destinos, o que reduziria a competitividade do setor. 

Na COP26 em Glasgow, o setor de turismo se comprometeu a cortar as emissões de dióxido de carbono pela metade até 2030. A OMT e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) lançaram a Declaração de Glasgow para Ação Climática no Turismo, cujo compromisso é zerar as emissões de CO2 até 2050.

A Declaração funciona com signatários que se comprometem a apresentar um plano de ação para o clima com prazo de 12 meses, iniciar sua implementação e informar publicamente os progressos em relação aos objetivos, assim como medidas alcançadas, ao menos uma vez ao ano. Cinco eixos são comuns nos planos: 

  1. Medição: medir e apresentar as medições relacionadas com viagens e o turismo;
  2. Descarbonização: definir e cumprir com os objetivos para acelerar a descarbonização;
  3. Regeneração: restaurar e proteger os ecossistemas, garantir que o setor possa apoiar comunidades afetadas e em situação de risco a melhorar sua resiliência;
  4. Colaboração: compartilhar provas dos riscos e soluções com todos os agentes e fortalecer a governança;
  5. Financiamento: garantir que os recursos e a capacidade das organizações sejam suficientes para cumprir com os objetivos fixados nos planos climáticos.

Na COP27 que aconteceu no Egito, a OMT, em colaboração com parceiros, buscou avançar nas tratativas de Glasgow para a transição verde do setor.

Uma iniciativa muito relevante relacionada ao tema é One Planet, um portal das Nações Unidas, que se configura em uma estratégia global de consumo e produção sustentáveis. Dois projetos, em especial, chamam a atenção :

  • Centro de conhecimento – a partir da inscrição no portal é possível acessar um repositório de documentos, eventos e projetos relacionados ao turismo e mudança climática;
  • Projeto Transformando Cadeias de Valor do Turismo em países em desenvolvimento e pequenos estados insulares em desenvolvimento – tem por objetivo  acelerar a eficiência de recursos e desenvolvimento de baixo carbono. Neste site, é possível acessar um centro de conhecimento que compartilha estudos de caso, ferramentas, treinamentos e publicações para apoiar as partes interessadas do turismo na condução de ações em direção a práticas de zero emissões líquidas de carbono (net-zero) e eficiência de recursos. Trata-se de uma iniciativa do Programa Ambiental da ONU, com o apoio do Ministério Federal Alemão para o Meio Ambiente, Conservação da Natureza e Segurança Nuclear.  

As mudanças climáticas estão entre os dez principais riscos globais, apontados pelo Fórum Econômico Mundial desde 2011, mas nem sempre são prioridade. Como empresários e gestores de turismo, podemos contribuir efetivamente com o processo de mitigação das mudanças climáticas reduzindo/zerando a utilização de plástico na nossa operação, compensando o CO2, fortalecendo projetos que mantêm as florestas em pé, entre outros exemplos. Vamos juntos?

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Marcela Pimenta

Mineira que mora em Alagoas, mãe do Theo e da Lara, apaixonada pelo turismo desde sempre. Fica muito feliz todas as vezes que seu trabalho impacta positivamente a vida das pessoas. É fundadora da Turismo 360 junto com três sócios que são amigos, parceiros e profissionais admiráveis. É cofundadora do Turismo Spot. Sobre o Turismo Spot: "Representa o desafio de produzir conteúdo técnico de maneira leve, mas ao mesmo tempo eficiente e útil para os profissionais, gestores e empresários de turismo! Tenho muito orgulho de fazer parte desse hub de conteúdo técnico sobre turismo"