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Quando pensamos na jornada de um viajante, desde o momento da busca pelo destino baseada em motivações diversas até a decisão de compra, passando pelo deslocamento, permanência, serviços utilizados, atividades realizadas, recursos gastos, postagens de fotos e avaliações e mensagens em redes sociais, devemos observar a formação do chamado rastro de dados, uma fonte praticamente inesgotável de recursos para o trabalho com inteligência de mercado no turismo.

O rastro de dados é um conjunto de elementos gerados pelas operações mencionadas acima, que se apurados e tratados da forma correta, configuram um grupo de informações que devem pautar estratégias para planejamento e promoção de destinos turísticos.

 

 

Utilizando-se deste conceito, os Observatórios de Turismo têm grande importância para produção destas informações sobre o fenômeno turístico, contribuindo com a coleta, tratamento, análise, geração e monitoramento de dados e informações turísticas, subsidiando as decisões empresariais de investimentos e a formatação de políticas públicas sustentáveis voltadas para os destinos turísticos.

Contudo, o trabalho com inteligência para o turismo em especial no ambiente da gestão pública, ainda pode ser considerado incipiente. O Ministério do Turismo realizou uma pesquisa em junho de 2021 com representantes de órgãos oficiais de turismo e do Sebrae de 20 Unidades Federativas brasileiras. De acordo com os resultados, apenas 20,8% dos respondentes utilizam integralmente os dados e informações produzidas pelos Observatórios de Turismo.

O resultado apresentado traz uma necessidade de avaliação interna: se a produção de informação não é utilizada integralmente, o problema pode ser justamente a qualidade dos dados coletados e análises realizadas, bem como o atendimento aos interesses do mercado e dos gestores públicos. É papel dos gestores dos observatórios mitigar problemas e trabalhar para a melhoria dos processos internos e de produção de inteligência.

Desta forma, podemos mencionar inúmeros exemplos recentes utilizados no desenvolvimento de produtos de inteligência turística focados na jornada do viajante, tanto do ponto de vista da oferta como dos hábitos dos turistas nos destinos.

  1. Organização Mundial do Turismo – Recovery Tracker

    O sistema denominado Recovery Tracker (monitoramento da retomada) da Organização Mundial do Turismo disonibiliza diversos painéis que reúnem informações relevantes sobre os seguintes itens:

    – chegadas de turistas internacionais por países e regiões
    – reservas de viagens aéreas
    – pesquisas e reservas de hotéis
    – taxas de ocupação e demanda por aluguel de curto prazo
    – sentimento de viagem (Net Sentiment Score)

    Os dados disponíveis possibilitam análises e cruzamentos em nível regional, sub-regional e em alguns dos principais países considerando o volume de turistas e monitoramentos locais realizados.

    Ainda que os resultados não tenham relevância direta para muitos destinos localmente, todos os painéis possuem metodologias detalhadas e acesso direto às fontes de informação, alguns com possibilidade de download. Sendo assim, é uma fonte de inspiração relevante e consolidada.
    Os painéis estão disponíveis em https://www.unwto.org/unwto-tourism-recovery-tracker.

  2. Observatório Nacional de Turismo

    O Ministério do Turismo (MTur) lançou recentemente uma ferramenta que reúne dois grupos de informações do setor para usuários dos dados da pasta: ocupações formais do setor e perfil socioeconômico dos trabalhadores. Os dados podem ser filtrados por variáveis como ano, região, estado e em alguns casos até município.

    Ainda, o novo espaço disponibiliza acesso a resultados de inúmeras pesquisas realizadas pelo MTur, tais como demanda turística, faturamento das empresas, balança comercial, entre outros.

    Acesse o site https://www.gov.br/turismo/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/observatorio para mais informações.

  3. Fluxo aéreo de passageiros


    A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) disponibiliza painéis interativos com indicadores mensais do mercado de transporte aéreo doméstico e internacional para todos os aeroportos brasileiros. Os dados de demanda e oferta são úteis para avaliação de desempenho dos destinos, focando nas tarifas praticadas, volume de embarques e desembarques, taxas de ocupação de aeronaves, entre outros.

    Os dados estão disponíveis em: https://www.gov.br/anac/pt-br/assuntos/dados-e-estatisticas/mercado-de-transporte-aereo/consulta-interativa

  4. Tendência de buscas de viagens – Kayak

    O metabuscador de viagens kayak, ferramenta utilizada no mundo todo por viajantes para análise de destinos e ofertas de voos e hospedagens disponibiliza um painel com análises de mais de um bilhão de buscas mensais, medindo o interesse dos usuários por destinos nacionais. A principal vantagem da utilização dos dados é trazer previsibilidade aos destinos e empresas do setor de turismo: um aumento no interesse por determinada cidade para um período específico do ano sugere aos gestores públicos uma necessidade de planejamento de serviços.

    Acesse https://www.kayak.com.br/tendencias-viagens para mais detalhes da ferramenta.

Com os exemplos apresentados, fica evidente que um grande desafio dos Observatórios de Turismo é acompanhar as mudanças e a modernização das fontes de dados e informações, atendendo os anseios dos usuários dos inúmeros trabalhos apresentados por iniciativas presentes em praticamente todas as regiões turísticas brasileiras. Para tanto, as equipes de pesquisa precisam realizar constantes atualizações nas referências utilizadas, pois a velocidade com que os ambientes de inteligência de mercado se modificam é muito maior atualmente.

Por fim, buscas por inovação devem fazer parte da rotina periódica dos profissionais responsáveis pelos Observatórios de Turismo, para que o setor possa apoiar planejamento estratégico, promoção, tomada de decisão e comunicação em dados precisos, sustentáveis e coletados com ferramentas modernas e que facilitem as análises.

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Fabio Montanheiro

Apaixonado por dados e inteligência de mercado. Com mais de 20 anos de experiência no setor turístico, formou-se Turismólogo pela Universidade Anhembi-Morumbi com pós-graduação em Marketing Turístico pela USP e em Pesquisa de Mercado pela Fundação Getúlio Vargas. Gerenciou o Observatório de Turismo e Eventos da SPTuris, prestigiado núcleo de pesquisas em turismo e eventos – primeiro da América Latina credenciado pela OMT. Atualmente é consultor da InvestSP para a Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo, onde coordena o Centro de Inteligência da Economia do Turismo (CIET). Sobre o Turismo Spot “Fonte muito rica de informações para o mercado turístico, que traz uma linguagem leve e acessível para os gestores de todo o Brasil. A transformação do setor começa por conteúdos como os apresentados no Turismo Spot!”