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Durante esses anos que trabalhamos com o turismo, tivemos a oportunidade de visitar destinos em diferentes estágios de consolidação. Para todos eles, reservamos duas pergunta feitas aos gestores, empresários e sociedade civil. As respostas algumas vezes coincidiram! Mas o que é um destino turístico e qual foi a pergunta que fizemos?

A Organização Mundial do Turismo define um destino turístico local como um espaço físico no qual um turista passa pelo menos uma noite. Inclui produtos turísticos, como serviços de apoio, além de atrações e recursos turísticos. Possui limites físicos e administrativos que definem sua gestão, bem como imagens e percepções que determinam sua competitividade no mercado. Os destinos locais incorporam várias partes interessadas, muitas vezes incluindo uma comunidade anfitriã, podendo alinhar-se e trabalhar em rede para formar destinos maiores. Eles podem ser compreendidos em qualquer escala, desde um país inteiro (por exemplo, Austrália), uma região (como os espanhóis “Costas”) ou ilha (por exemplo, Bali) até um vilarejo, cidade ou atrativo (como o Central Parque ou Disneyland).

Importante lembrar que os destinos turísticos possuem um personagem central: o turista. E isso tem tudo a ver com as perguntas que fizemos: qual é o perfil de turista que visita o destino atualmente? E qual é o turista desejado pelo conjunto de atores do destino? Em muitos destinos ouvimos que o perfil do turista atual era diferente do turista desejado. E isso é uma máxima do turismo: todos querem turistas que permaneçam mais tempo, sejam mais sustentáveis (cuidem do destino) e gastem mais.

Para dar um exemplo prático, morei um ano em Palma de Mallorca (Ilhas Baleares – Espanha) – do final de 2006 ao final de 2007. Mallorca foi o primeiro destino estruturado do mundo para o turismo, tendo uma planta hoteleira invejável nas décadas de 60/70 e a presença dos primeiros tour operadores como Thomas Cook. Era literalmente o quintal da Europa! Imagine como era para os ingleses e alemães a possibilidade de em 2 horas de vôo estar em uma ilha paradisíaca, com temperatura elevada, toda estrutura turística necessária e por um valor acessível. Imagine também que o perfil de turista recebido por Mallorca não era tão próximo do desejado atualmente (aqui não estou generalizando) – com perfil pouco sustentável, muitas festas e bebidas, tinham pouca aproximação com a comunidade local e, de certa forma contribuíram para a transformação da cidade com o desenvolvimento de bairros inteiros exclusivos dos ingleses, por exemplo. Um ponto que me chamou a atenção é que as pessoas trabalhavam com turismo, principal motor econômico, mas não gostavam do turismo.

Em 2006/2007 quando estudávamos o case Mallorca na Universidade sempre analisávamos como o destino estava conseguindo mudar o perfil do turista atual para o desejável: turistas verdes, mais conectados com a comunidade local, que cuidam do destino.

Sendo assim seguem algumas dicas,  linhas ou caminhos para a abordagem desse tema. Geralmente usamos esse método nos planos de turismo que construímos:

1 – Tomar a decisão de qual turista gostariam de receber: com dados e estatísticas do turismo atual a governança turística, liderada pelo poder público, com o apoio dos empresários e demais setores do turismo, define qual é o turista desejável – desenhar perfil (personas);

2 – Estudar o perfil do turista desejável: uma vez definido o perfil é preciso entender como ele toma as decisões sobre viagens, compra a viagem, o que busca em um destino, qual é a característica da oferta. Temos estudado o perfil de turistas potencial quando elaboramos planos fazendo estudos de focus goup – é um método bem interessante e podemos dedicar um texto inteiro do portal em outra oportunidade.

3 – Ajustar a oferta do destino ao turista desejável: trabalhar em ajustes do produto turístico mas também melhorar a comunicação do destino. Fazer com que o turista desejado se identifique com o destino. E claro, usar estratégias corretas de comunicação.

4 – Sensibilizar a comunidade local e o turista atual: trata-se de um trabalho contínuo de entendimento tanto da comunidade local, quanto do turista atual sobre os caminhos que o destino pretende seguir.

Na nossa próxima matéria falaremos de estratégias de marketing e teremos a participação do consultora especializado em marketing turístico Natalia Cordeiro. Fique por dentro!

 

Destino Turístico Local – Conceito apresentado em publicação da OMT em 2007, chamada A Practical Guide for Tourism Destination Management, disponível para assinantes da e-library OMT

 

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Marcela Pimenta

Mineira que mora em Alagoas, mãe do Theo e da Lara, apaixonada pelo turismo desde sempre. Fica muito feliz todas as vezes que seu trabalho impacta positivamente a vida das pessoas. É fundadora da Turismo 360 junto com três sócios que são amigos, parceiros e profissionais admiráveis. É cofundadora do Turismo Spot. Sobre o Turismo Spot: "Representa o desafio de produzir conteúdo técnico de maneira leve, mas ao mesmo tempo eficiente e útil para os profissionais, gestores e empresários de turismo! Tenho muito orgulho de fazer parte desse hub de conteúdo técnico sobre turismo"