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O turismo é um dos setores mais devastados pela pandemia do Covid-19. Os dados da OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que reúne as principais potências econômicas mundiais são assustadores. Eles estimam uma queda entre 60% e 80% da economia mundial do turismo, dependendo do período de retomada das atividades.

A retomada será complexa e dependerá de vários fatores, sendo os protocolos de segurança, um dos eixos principais deste processo. Diversas organizações e destino mundiais estão discutindo o tema, publicando e atualizando periodicamente protocolos de segurança, construindo estratégias de comunicação com a emissão de selos.

Mas afinal, quando o tema é protocolo de segurança, quais são as orientações das instituições e países? O que está sendo implementado mundialmente e no Brasil?

OMT – Organização Mundial

A OMT já realizou 05 reuniões do Comitê Global de Crise no Turismo sendo a retomada do turismo o tema de discussão do último encontro. O Comitê endossou um documento de Diretrizes Globais para a Retomada do Turismo que prioriza as áreas de atuação dos destinos para esse momento, que não é o mesmo para todos os países.

Dentre as prioridades listadas está “Harmonizar protocolos e procedimentos de saúde relacionados a viagens e turismo em nível global“.

Alguns países estão servindo de piloto da organização na implementação de protocolos de segurança e a OMT endossa iniciativas de outras instituições como WTTC e OCDE.

WTTC – Word Travel & Tourism Council

O WTTC lançou um selo internacional para viagens seguras, o “Safe travels”. Por trás da iniciativa do selo estão os protocolos de segurança estabelecidos com o objetivo de garantir um alinhamento em torno do setor privado global de turismo e coerência nos esforços de advocay por meio de uma abordagem coordenada, colaborativa e transparente que reconstruirá a confiança do viajante. Eles ressaltam que os protocolos são documentos vivos e serão frequentemente atualizados a depender das orientações da OMS – Organização Mundial de Saúde.

Foram desenhados protocolos para pelo menos onze setores, incluindo; Hotelaria, Atrações, Varejo ao ar livre, Aviação, Aeroportos, Aluguel de Curta Duração, Cruzeiros, Operadores de Turismo, Centros de Convenções e MICE (sigla em inglês para turismo de negócios e eventos), Aluguel e Seguro de Carro. Cada um dos protocolos de viagens seguras possui quatro pilares:

1. Preparação operacional e da equipe;
2. Garantir uma experiência segura;
3. Reconstruir a confiança; e
4. Implementar políticas de habilitação.

O selo Safe Travels é baseado na auto-avaliação e não é uma certificação. Os países, as autoridades de destino e as empresas que usam o carimbo confirmaram que implementaram e garantirão a conformidade contínua com os protocolos Safe Travels e as diretrizes da ICAO (Organização da Aviação Civil Internacional) de ‘decolagem’. O selo é gratuito, não é preciso ser membro do WTTC para ter acesso ao selo.

ATTA – The Adventure Travel Trade Association

A ATTA entende que a pandemia de Covid-19 mudou a indústria de viagens. Neste contexto, a associação coletou feedback da sua base global para sistematizar diretrizes de saúde e segurança para atividades de aventura.

A associação lançou diretrizes de segurança e saúde COVID-19 para três atividades de aventura – trekking, ciclismo e rafting, além de uma diretriz abrangente para o setor, criada em colaboração com a Cleveland Clinic, um provedor de serviços de saúde de renome mundial e a indústria de viagens de aventura. A ATTA tem previsão de lançar diretrizes para mais sete atividades até o final de julho de 2020.

Não há custo para qualquer pessoa no setor de turismo acessar e usar essas diretrizes.

Os Estados Unidos da América

A US Travel Association preparou o manual de orientação “Viajar no novo normal” focado em seis áreas principais, com exemplos específicos que orientam as empresas a:

  1. Adaptar as operações, modificar as práticas dos funcionários e / ou redesenhar os espaços públicos para ajudar a proteger funcionários e clientes.
  2. Considerar a possibilidade de implementar soluções sem toque, sempre que possível, para limitar a oportunidade de transmissão de vírus, além de permitir uma experiência positiva de viagem.
  3. Adotar e implementar procedimentos avançados de saneamento especificamente projetados para combater a transmissão do COVID-19.
  4. Promover medidas de triagem de saúde para funcionários, isolar trabalhadores com possíveis sintomas e fornecer recursos de saúde aos clientes.
  5. Estabelecer um conjunto de procedimentos alinhados à orientação oficial, caso um funcionário tenha um resultado positivo.
  6. Seguir as melhores práticas no serviço de alimentos e bebidas para promover a saúde dos funcionários e dos clientes.

O caso de Portugal

O Turismo de Portugal foi precursor no assunto protocolos de segurança e um dos primeiros países a lançar um selo “Clean & Safe” para comunicar a adequação dos negócios ao ambiente de convivência do turismo com o Covid-19. Os protocolos foram desenhados para: agências de viagens e turismo, empresas de animação turística, empreendimentos turísticos, estabelecimentos de restauração e bebidas, áreas de serviços de autocaravanas, campos de golfe, alojamento local, empresas de rent a car e guias intérpretes. O selo é atribuído por meio de auto avaliação e depende da regularização da empresa junto ao governo e sua participação em programas de formação específico. O programa prevê ainda ações aleatórias de fiscalização.

E o Brasil?

O governo brasileiro lançou no início de junho o selo “Turismo Responsável” que estabelece boas práticas de higienização para alguns segmento do setor. Para ter acesso ao selo, as empresas e guias de turismo precisam estar devidamente inscritos no Cadastur e o selo é obtido por meio de auto avaliação.

As categorias contempladas pelo selo são: meios de hospedagem, agências de turismo, transportadoras turísticas, organizadoras de eventos, parques temáticos, acampamentos turísticos, restaurantes, cafeterias, bares e similares, centros ou locais destinados a convenções e/ou a feiras e a exposições e similares, parques temáticas aquáticos e empreendimentos dotados de equipamentos de entretenimento e lazer, marinas e empreendimentos de apoio ao turismo náutico ou à pesca desportiva, casas de espetáculo e equipamentos de animação turística, organizadores, promotores e prestadores de serviços de infraestrutura, locação de equipamentos e montadoras de feiras de negócios, exposições e eventos, locadoras de veículos para turistas, prestadoras de serviços especializados na realização e promoção das diversas modalidades dos segmentos turísticos, inclusive atrações turísticas e empresas de planejamento, bem como a prática de suas atividades.

A Abeta – Associação Brasileira de Ecoturismo e Turismo de Aventura lançou em maio de 2020 um “Manual de Boas Práticas“com recomendações de procedimentos sanitários para a operação de atividade de turismo na natureza. O manual aborda cinco grandes eixos, a saber:

  1. Medidas de distanciamento físico e prevenção de contágio;
  2. Medidas de sanitização de ambientes: higienização de equipamentos, objetos, roupas, veículos e resíduos;
  3. Medidas de higiene pessoal para colaboradores;
  4. Medidas de comunicação;
  5. Medidas de monitoramento.

Quando a questão é a segurança do turista e dos funcionários das empresas turísticas, algumas questões devem ser levadas em conta:

  • Os protocolos de segurança devem ser implementados de dentro para fora – é preciso ter a consciência de realizar as adequações de acordo com o orientado no protocolo definido pelo destino para só depois comunicar;
  • A governança ativa ajuda em uma aplicação e comunicação homogênea dos protocolos – o setores públicos e privados do destino devem estar de acordo para a implementação e comunicação dos protocolos. Uma comunicação homogênea dá mais segurança ao turista. Saber que todos estão realmente implementado os protocolos transmite mais segurança para o trade do destino;
  • O principal fiscal será o turista – é preciso fazer a sua parte para que o turista volte e recomende seu estabelecimento e destino. Isso acontece em tempos normais, imagina no momento da retomada do turismo?
  • Utilize a tecnologia sempre que possível – a tecnologia pode ser um grande aliado da segurança, com a utilização soluções sem toque, sempre que possível, que limite a possibilidade de contaminação do vírus;
  • Garanta segurança e seja sustentável – a Ana Duék do Viajar Verde escreveu um artigo com dicas de como garantir a segurança sem retroceder na sustentabilidade. Confere lá!

E você? Está fazendo a sua parte? A pandemia está nos mostrando que nossos problemas são coletivos, assim como as soluções. Neste momento vale reforçar sua rede apoio, participar de ações coletivas, buscar orientações com o órgão oficial de turismo e participar de reuniões do Conselho Municipal de Turismo do seu destino.

É preciso entender que o fato de estabelecer um protocolo, por si só, não garante segurança ao turista. As regiões do Brasil estão em estágios diferente de contaminação da Covid-19 e cada território deve considerar sua realidade. O que acompanhamos pelo mundo é uma retomada do turismo em destinos que têm baixos índices ou não possuem pessoas contaminadas. O que nós do Turismo Spot recomendamos é muita cautela.

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Marcela Pimenta

Mineira que mora em Alagoas, mãe do Theo e da Lara, apaixonada pelo turismo desde sempre. Fica muito feliz todas as vezes que seu trabalho impacta positivamente a vida das pessoas. É fundadora da Turismo 360 junto com três sócios que são amigos, parceiros e profissionais admiráveis. É cofundadora do Turismo Spot. Sobre o Turismo Spot: "Representa o desafio de produzir conteúdo técnico de maneira leve, mas ao mesmo tempo eficiente e útil para os profissionais, gestores e empresários de turismo! Tenho muito orgulho de fazer parte desse hub de conteúdo técnico sobre turismo"